Necessito de sua presença.
Sua aparência mórbida me fascina.
Seu olhar triste penetra-me a alma, e  toca em meu ser fazendo-me sentir bem.

E como uma criança, me perco em teus lábios profanos,
Você que acolhe os loucos com prazer e os faz felizes em seus devaneios insanos.

Acolha-me também e faça-me feliz.
Mas que felicidade tão mortal é essa,
Que me atrai tanto?
Não consigo entender.

O ar noturno que respiro tem o seu cheiro,
E isso me faz estremecer.
Proteja-me esta noite,
Seja minha!

Como poderei recompensá-la?
Com um beijo?
Talvez...

Dizem que a morte sempre leva seus amantes para o cemitério do amor.
Será que a nudez do corpo é mais importante que a nudez da alma?

Corre um laço de sangue e espermas
E uma estranha fragrância de gozos mórbidos e palavras eloquentes sussurradas na noite.

As sombras que protegem os amantes e que ocultam nossos desejos,
São as sombras que habitam na alma de um poeta embriagado de amor,
Tal como quem olha para o seu próprio túmulo.

Ah! Está noite, morrerei contente;
Como um doce pássaro doente.

 Dedico este poema á Camille Claudel

Os lábios da noite, murmuram-me eloquentes segredos
Ouço um bater de asas negras,
Não era um pássaro;
Talvez um morcego;
Que desapareceu na escuridão.

A leve batida das asas,
Mais parecia o palpitar do meu coração.

E esta angustia sufocada em meu peito?  invadindo o meu ser
Como um triste grito.

E nas horas caladas desta negra noite
Tenho como companheira, apenas a solidão.

E se eu gritasse?
Quem iria ouvir-me?
O exercito dos anjos?
Não!

Os anjos apenas repousam
Observando a multidão silenciosa.

Pobre anjo cujas asas brancas desbotam à claridade
sombria dos lampiões.

És o anjo perdido da loucura?
Ou uma ilusão?

E como uma figura pálida que Surge da penumbra,
Trazendo consigo uma fragrância de querubim.

Beijaste-me, um beijo tão doce
Fiquei em silêncio, tremulo...
Com medo que fosse apenas uma visão.

Mas quem és tu criatura noturna? que anda solitária
pela noite;
Serei eu, teu pálido amante?

Eis-me aqui parada
Fitando o vazio
Horas a fio.

Perdida em meus pensamentos
A relembrar outrora;
O vento que afaga os meus cabelos
Os sonhos que já se foram
E tu, amado meu? onde estarás agora?


Quero afogar-me em teus beijos
e sonhar nos teus braços.

E eis que surgi mansinho
Sorrateiro como quem não quer nada.

Mas sei o que queres é carinho, pois isso posso ver;
E nas horas mais tardias desta noite sombria, é o meu
nome que chamas, é o meu corpo que desejas.

Então vem!
Irei te fazer meu como já foste um dia.

As nuvens pretas refletiam-se na água
Pássaros negros me vigiavam do céu;
Pássaros, anjos que vêm no silêncio da noite.

E a lua com seu brilho mórbido,
Meus olhos frios, a contemplar o vazio.

Vejo com indiferença o seu aspecto banal,
Que agora passa sem tocar-me
e meus lábios imóveis, guardam um silêncio;
Um mórbido silêncio...

Nenhum grito, nenhuma dor
Apenas o silêncio.

Mas, um sussurro doce, chega aos meus ouvidos
embriagando minha mente,
Levando embora até o meu último  suspiro.

Sinto um beijo, um único beijo
Sugando a minha alma,
Será a morte ou um triste desejo?

Estou voando, voando como um anjo
Não! Eu sou um anjo.

Batendo as asas e sentindo o vento acariciar-me a face
Sinto como se estivesse mesmo indo para o paraíso.

Então, me vejo sozinho
Perdido em meus pensamentos...

Será que posso ser seu anjo da guarda?
Mas, afinal, quem irá me guardar quando eu estiver com você?

Quis chegar perto de ti,
Mas sinto que não posso,
Acho que cortaram minhas asas outra vez.

Olho o céu, e as estrelas me dizem algo.

Penso em teus beijos, e afogo-me em sonho tão claros que chego a pensar,
Será tudo isso verdade?

Em teu corpo me perco,
viro criança e brinco com os teus desejos.

Teu corpo exala o amor
E teus olhos tão doces me dizem palavras que teus lábios
querem dizer, mas estão ocupados.

Então, as estrelas me trazem de volta, e olho a noite
escura e o vento que levou embora os meus pensamentos,
E volto para a cama, querendo que fosse para teus braços.

- Quem és?
- Eu, o teu carrasco.
- O que queres de mim?
- De ti? Nada.
Mas de tua alma tudo, de teu sangue o gosto e de teu pescoço, o gozo.

A aranha tece sua teia
A cobra está a espreita.
E a víbora?
Ah! Essa sim, ira sugar-me a vida,
A não ser que eu a devore primeiro.

Fico pensando.
Sento e olho.
Mas...tudo é tão complexo.
As vezes acho que a terra e quadrada.
E meus pensamentos tortuosos.

Na hora mais negra da noite,
Pessoas não são mais pessoas
A escuridão as protege,
Como se fossem seus filhos.

Seus olhares penetram na noite sombria
Como Raios que cortam o céu.

Pensamentos sombrios penetram em minha mente,
E o que eu vejo,
Não sinto, apenas percebo.

O passado e o presente confundem-se em meu ser agora doente,
 E então a vejo sorrir, um sorriso de réptil que surgiu em seus lábios.

Irei partir!Disse-me ela.
E fiquei aqui parado, quieto...

Partir é realmente uma doce tristeza,
Soprou-me o vento, que incerto perdeu-se na noite vazia.

Delírios apenas delírios,
Desta pobre mente doente.

Dias complexos
E noites escuras
Refletindo sobre a vida
Em bares e ruas.

Assim vou eu caminhando
Enfiado em minha vida suburbana,
Procurando algum refúgio.

Então, não tenho nada a fazer
A não ser me perder
Na poluição das ruas
Nuas e cruas
Desta metrópole.

Que em meio ao caos
Vai devorando vidas
E devastando mentes.

Esta noite de luxúria parece nunca ter fim, ela desliza lentamente sobre
nossas cabeças, como um veneno que chega primeiro ao nosso cérebro
ao invés do coração.

Perdida nela estou, e sem palavras para descrever o fragor da
tempestade, e a confusão de sentimentos que me cercam.

mas sei que estamos abrigados no seio desta profana noite,
E isso nos deixou tão sossegados que o sono nos foi inevitável.

O amanhacer veio lento, sombrio e nublado;
debruçando-se sobre nossos corpos, que pela noite foram velados.

Calados assintíamos a triste rotina das horas,
sentindo o tímido conforto da maldita luz do sol,
Que insistia em sair por entre as núvens frias, e que refletia em teus cabelos cor de corvo.

E confesso que isso é tão maravilhoso, e que não há nada que me devore a alma
a não ser você, e esta noite de fragrância tão peculiar e que infelizmente já se foi.

 Uma noite quase perpétua consagrada ao prazer e a dor.






Crianças, quanta inocência escondida sob seus olhares,
Olhares que guardam deliciosos segredos a sete chaves.

À elas, Deus revelou a verdade em seus gestos de pura ingenuidade.

Elas vivem o agora e não pensam no amanhã,
Essa tarefa elas deixam para os adultos, pois não são eles que acham
que tem o poder da decisão?

Crianças, apenas crianças, à espera de um velho barbudo de bochechas
vermelhas e com um enorme coração.

Toda maldita corrente do vicio esta fluindo através de mim,
Aniquilando-me, sufocando-me.
Mas, no meio das minhas inquietações surgem leves lampejos de lucidez.

Esta noite como todas as noites, sonharei com você,
E o resultado eu sei muito bem.

Corpo suado, lençóis molhados e o delicioso e profano néctar
escorrendo por entre minhas pernas.

Posso sentir meu coração palpitando rápido e insano,
E o gosto doce do vinho em minha boca.

Será tudo isso mais um delírio ou um forte estado de embriaguez?
de minha alma? de meu corpo?
Eu realmente não sei.

Quando você me sorriu naquele salão escuro,
Uma sensação fantástica, tocou os meus lábios,
E o meu sangue empalideceu como água.

Mas nenhum milagre surgiu, nenhum vestígio sequer de alivio,
Apenas um desejo eternizado em meus pensamentos.

E mesmo com a luz pálida pude perceber, a imensa dor que sentias,
na consumação do simples ato de amar.

Sinto toda a maldita, porem deliciosa, corrente do desejo fluir através de mim,
e a tua fragrância enlouquecendo-me de prazer.

E confesso que adoro te ver sofrer, com a tua doce e fraca resistência.

Existe um profundo desejo em mim, e este desejo é algo abortivamente melancólico.

Poderia eu profaná-lo numa simples troca de sémen?

Sinto-me esmagada, pelo ofuscante esplendor das expressões de anseio,
Que vejo em teus olhos.

É uma estranha e inexplicável mistura de sentimentos que invadem-me agora.

Senti que uma guerra havia sido travada dentro de mim,
E esta guerra deixou-me apenas ruínas, e reduziu-me a uma sombra perdida entre almas incrédulas.

Mas o que seria de mim, sem a tua mórbida hospitalidade noturna?

Depois de toda a agitação, apenas espero a tempestade passar,
Num longo silêncio.

E como sempre me vem um turbilhão de vozes e cores,
Pensei que tivesse sido o fim, mas sei que foi só mais um triste recomeço.

Em minha cabeça, no meio desta confusão toda, lembro apenas do que ela me disse uma vez:
"De um tempo a você, tudo isso irá passar".

Vejo pessoas caminhando, mas para onde estão indo, se tudo acaba aqui?

Como os anjos os homens também tem asas, porem, os homens não são anjos.

Mas o que são então?
Não sei, eu apenas observo de minha simples existência, a velha desordem humana.

        Poema dedicado a Ian Curtis.                                

Mergulhados na feliz consciência da noite,
 nos amamos, teu sorriso luzia escarlate no céu noturno.

Teu corpo era como uma visão, talvez mais que isso,
Poderia dizer que era mesmo uma fonte de prazer.

De meus lábios o único som que consegui emitir,
Foi um gemido de virgindade perdida,
E dele,  uma fome doentia por um mórbido amor.

E a única coisa de que me lembrava, é de ter me apaixonado pelo olhar
pálido da lua, que por detrás das nuvens surgia, espantado e atormentado,
Na certa por me ver assim, nua e totalmente entregue.

Sinto que minha alma flui para dentro desta noite,
Cheia de estranhos gozos e murmúrios que de nossos corpos saiam.

Esta é a hora do crepúsculo
no qual reina um silêncio, supremo e absoluto.

Mas finalmente chegou a noite, com  suas fragrâncias e mistérios,
Habituais.

O vinho que corre em minha veias,
É igual ao  desejo, que escorre por entre minhas pernas.

Através da janela, a lua derrama-se para dentro de minha cabeça,
Onde borbulham pensamentos, que começam agora a jorrar como uma convulsão.

E mais uma vez me perco, em meia á loucura, desse jardins das torturas,
Delirando de paixão.

Mas, o sonho evapora-se como pássaros na escuridão,
Deixando o meu corpo pálido caído sobre o chão.

Sinto aquela maldita sensação, apoderando-se de mim novamente,
E aquele precioso líquido escorrendo por entre minhas pernas;
Quente, macio e o palpitar doentio do meu coração.

Lucinda tens um sorriso tão doce um olhar lânguido,
E um ar de falsa inocência...
Com os lábios entreabertos e jeito de menina,
Levando anjos a loucura.

O silêncio que guardas, é a criança de bela aparência,
Com os olhos inocentes e rosto tão claro como de uma fada.

Perdida em um mundo de ilusões,
Escondes um passado obscuro;
E pensamentos, que atormentam-lhe a mente.

Ah! Lucinda, que frio mortal é esse,
Que sopra sobre tua bela chama?

Entre os versos mórbidos, das horas crepusculares,
consigo finalmente, penetrar na estranheza de tua alma.

Cheia de dores íntimas e desejos contidos,
Faço isso com total liberdade, como se eu fosse o teu marido.

Mas sei, que não sou teu marido, e sim o teu amante,
E percebo, o quanto esse delírio me atormenta.

Declaro-te, os meus poemas mais íntimos,
E de sua janela, sei que me observas Dulcinéia,
Com o teu sorriso belo e encantador.

E fico aqui escondido em teu jardim,
Aguardando a noite chegar,
Para arrancar, os teus segredos noturnos,
E colher as tuas mais belas flores.

Trago em mim o perfume do seu corpo e dos seus cabelos,
Trago também o gosto e o desejo de voltar,
Confesso! que isto já esta virando uma insuportável obsessão.

Penso: se pelos menos esta noite, eu pudesse ouvir,
Um pouco de Beethoven...

 Mas infelizmente, a noite não me traz nenhum alívio,
 Apenas uma vertigem sensual e sombria,
 De carícias de uma mão doce, num rosto cálido e numa pele doentia.

 Ah!Infeliz poeta, que estranha sensação é esta?
 Que tanto te prende a um mundo de solidão e fantasias,
 De uma musa que não mais existia?

Aquela febre doentia que dominava todo o seu ser,
O mergulhava cada vez mais, na escuridão das suas noites frias e vazias.

tinha como companheira, uma garrafinha de láudano,
E ela lhe sorria, sedutora e convidativa.

Era como uma velha e terrível amiga, Aliás, como todas as suas amigas infelizmente,
Fecundada em carícias e traição.

Mas, em sua natureza fria, escondia-se um coração que ardia.

Aquela figura imóvel vestida de preto no silêncio do seu quarto,
Sórdido e escuro, era Charles Baudelaire, mergulhado em sua infinita solidão.

Respiro até embriaguez o teu perfume,
Exalado no ar frio desta negra noite.

Adoro nossos longos silêncios,
Somos como água caladas, no meio da tempestade.

Vejo o desejo estampado, em sua face pálida,
E em seus olhos, ah! os seus olhos...

São de uma beleza sinistra e sedutora,
E de seus lábios, aguardo um beijo,
Tão certo quanto á noite após o dia.

Sinto em meu rosto, o bater das asas estarrecidas,
Dos nossos anjos da guarda, assustados com o escândalo de nossas palavras.

Então, mergulhamos no universo íntimo de nossos corpos,
E de nossas almas, para finalmente nos entregarmos, a noite da fusão,
Entre o prazer e a paixão.

Sinto um prazer doentio nessa solidão á qual fui condenado,
Tal como Danton, quando foi decapitado, pela madame guilhotina.

Mergulho num poço de volúpias tenebrosas,
E ao mesmo tempo, em algo infame e agradável.

Sinto um gozo perverso, ao tocar sua pele pálida e inocente,
E rindo penso:"Que em você amo um anjo, e em mim amo um demônio."

E em meio a poucos momentos, da minha lucidez,
vejo-me dentro desta imaginação conturbada,
De um poeta medíocre, mas de coração ardente,
Perdido num sonho de ópio.

Estou tomada por pensamentos mórbidos,
É está minha alma embriagada que me deixa assim,
Com a mente fraca e confusa.

Quero varrer as sombras negras de minha memória,
E acender um ponto luminoso, mas infelizmente não consigo.

Fecho os olhos, e seu rosto me vem como uma visão,
Em teus lábios, vejo a noite da fusão entre o amor e a paixão.

Por um momento, pensei ter ouvido a tua voz,
E lembro com um delicioso prazer,
Que nunca a mais bela das vozes,
soou tão docemente aos meus ouvidos.

E ela é como um conforto, nesta melancolia profunda,
que é está minha prisão, pois sinto-me tonta com a sensação,
Embriagadora de alívio, contida no fundo do meu triste ser.

Vinho e noite, combinação tão tentadora...
E que pode nos levar ao paraíso ou para o inferno,
cabe só a nós decidirmos.

Nesta noite clara e fria em que me encontro,
O que sinto é apenas a solidão.

Sinto também um eterno estado de embriaguez,
Talvez seja este maldito vinho, que não sai da minha boca.

E reconheço  que vivo em meio á esta noite órfica,
Do verdadeiro resgate da alma.
O frio ar noturno, começou a surtir efeito,
Ou será que é o vinho?

Cada vez mais eu sinto que a noite me abraça,
E que eu mergulho, profundamente em sua essência obscura.

Vejo minha face pálida refletida no espelho,
Acho que preciso de mais um copo.
Oh! mais que infortúnio,
O vinho acabou! e parece que a noite também...

Então, apago a luz da minha consciência,
E entrego-me, aos mais íntimos desejos de minha alma.

Aqui estou eu, observando a beleza da noite,
simplesmente fecho os olhos e aguardo.

Sinto um aroma delicioso, como uma fragrância de jasmim,
e um toque suave, como se fossem mãos de um Querubim.

Mas a realidade, não me é assim tão doce,
pois vejo os teus olhos hipnóticos, e os teus lábios,
que podem emitir, tanto um sorriso enigmático,
quando uma sentença de morte.

Mesmo assim, saboreio o teu beijo, com os lábios entreabertos,
De uma falsa inocência.

E confesso, que a sua crueldade me seduz,
Ela dança na ruínas da minha alma,
Levando-me ao mais obscuro prazer,
E penetra em meu corpo, deixando a minha mente,
A beira da loucura.

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